Silêncio...
O ócio transborda, entrelaça-me e afoga meus pensamentos em ti. Meus olhos fundos - consequências de uma insônia diária - estão atentos a tua falta. E se eles refletem certo desequilíbrio, o restante do meu corpo acompanha. Seja nas minhas mãos em seus incertos movimentos ou na alta frequência dos meus batimentos... Involuntariamente somatizo cada lembrança. Batem - o coração, as mãos e os pés - depressa, com angústia e muita intensidade. Uma orquestra! Regida com um certo desespero pelo maestro dos que amam, mas estão distantes dos seres amados. O bastão pesa, faz o ritmo aumentar e resulta em notas apressadas, que nada mais querem do que resgatar o eu-lírico deste chiste inacabado, que é não estar perto de ti. Ahh, esperar o sinal do maestro para reencontrar-te é um martírio. A solução é fazer minha respiração consonante à sinfonia construída. O que gradativamente traz-me placidez. Mãos, pés e coração em um ritmo tranquilo, porém estreito. Como se estivessem à espreita da reviravolta dos sons ditados pelo bastão. Observo os movimentos das mãos sisudas, porém suaves do maestro. O seu nome apenas confirma meus devaneios. De repente, um suspense. É o último ato, a melodia torna-se apreensiva e a contagem regressiva. Com dificuldade em me controlar, penso estar tendo uma alucinação...Entretanto, não, não estou. As notas finalmente trouxeram-te até mim. Nossos lábios tocam e confabulam. Nossas mãos - nervosas - tocam a pele, a tua e a minha. Sinto uma dor constrita no lado esquerdo do peito. Coração bate mais forte e a respiração ofega. Meus olhos atentos a ti. A última nota toca. Por fim, o maestro recebe os aplausos da exultante plateia.
"Saudade", o maestro. E "reencontro", a sinfonia.
Farfalla
quarta-feira, 5 de agosto de 2015
domingo, 28 de junho de 2015
Amor em versos livres
"Em ti encontro meu repouso,
meus sonhos e meu acalento.
Se te vejo por aqui, me vejo em ti.
A tua presença me traz mais luz e vida.
E um pouco de mim se esvai na tua partida.
Quando encosto minha face na tua,
a falta sossega, a saudade atenua.
Nenhuma outra pele jamais me causou
tantas sinestesias quanto a tua."
"E no meio de toda essa pós-modernidade,
tantas sinestesias quanto a tua."
Farfalla
"O beijo" - Gustav Klimt |
Nosso amor permaneça surreal e simbolista."
(Autor desconhecido)
domingo, 26 de janeiro de 2014
Cotidiano
Dia após dia,
De amor e fantasia,
Fotografo o luar
Para te encantar.
Simples poesia,
Conta o que fiz e faria
Para teu sorriso roubar,
Na leveza de um olhar.
Escrevo, pois receio
Do teu encanto tornar-se alheio.
Cravei - e cravado está - este amor no peito;
Tem o vermelho da rosa, um cravo perfeito!
Horas vagarosas, segundos mortais, anseio...
E, por vezes, devaneio!
Amar-te demais causa tal efeito,
É um ''querer-te'' nunca satisfeito.
G. Farfalla
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Soneto de fim de semestre
Sinto falta de uma longa conversa,
E tenho saudades do teu carinho
Anseio contigo ter muito mais tempo!
Para fazermos novas descobertas...
Quero ficar aqui do teu ladinho
Dois recíprocos, um vice-versa
Totalmente enrolados nas cobertas
A perscrutar um novo passatempo
Pois tenhas paciência, é o que digo:
Eu sei... Sim! Que não pode ser tão ruim
Vir a (re) descobrir novos sorrisos
Tu, meu amado, e meu melhor amigo
És meu amor maior e estamos, enfim
juntos! A construir planos e improvisos.
E tenho saudades do teu carinho
Anseio contigo ter muito mais tempo!
Para fazermos novas descobertas...
Quero ficar aqui do teu ladinho
Dois recíprocos, um vice-versa
Totalmente enrolados nas cobertas
A perscrutar um novo passatempo
Pois tenhas paciência, é o que digo:
Eu sei... Sim! Que não pode ser tão ruim
Vir a (re) descobrir novos sorrisos
Tu, meu amado, e meu melhor amigo
És meu amor maior e estamos, enfim
juntos! A construir planos e improvisos.
G. Farfalla
''Amendoeira em flor'' - Van Gogh (1890)
sábado, 6 de julho de 2013
Até o fim
Quando tudo doi...
No coração, agonia!
Repenso o que foi,
Pois não é ironia,
Que um dia ruim
Cause grande epifania
Eu aqui de Arlequim,
A minha maior fobia!
Boba, eu choro
Não entro em histeria
E sim imploro
Uma enorme calmaria...
Respiro e levanto
Já que vejo no futuro
Um verdadeiro acalanto,
Seguro e maduro
E com esperança, canto:
''Caí, mas eu vou até o fim!''
No coração, agonia!
Repenso o que foi,
''Estrada com ciprestes e estrelas'' - Van Gogh (1890) |
Que um dia ruim
Cause grande epifania
Eu aqui de Arlequim,
A minha maior fobia!
Boba, eu choro
Não entro em histeria
E sim imploro
Uma enorme calmaria...
Respiro e levanto
Já que vejo no futuro
Um verdadeiro acalanto,
Seguro e maduro
E com esperança, canto:
''Caí, mas eu vou até o fim!''
G. Farfalla
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Em pedaços...
Ética e moral repletas de defeitos pelos
Sanguessugas dos nossos direitos.
Mensaleiros sem respeito,
Um bando de calhordas que tiram proveito!
As mãos continuam sujas,
Propinas tratadas como lambujas.
Não é só desvio de verbas e notas frias,
Esses canalhas são nossas ''crias''.
Pois o ''jeitinho brasileiro'', a malandragem,
Nada mais é do que tirar vantagem.
Então para restabelecer a moral esfacelada,
Cultive a ética dentro de casa.
Sanguessugas dos nossos direitos.
Mensaleiros sem respeito,
Um bando de calhordas que tiram proveito!
As mãos continuam sujas,
Propinas tratadas como lambujas.
Não é só desvio de verbas e notas frias,
Esses canalhas são nossas ''crias''.
Pois o ''jeitinho brasileiro'', a malandragem,
Nada mais é do que tirar vantagem.
Então para restabelecer a moral esfacelada,
Cultive a ética dentro de casa.
G. Farfalla
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Vem pra rua!
A postagem de hoje é especial. Hoje os cidadãos da minha cidade também demonstraram sua força e insatisfação nas ruas. O movimento ''#VemPraRua'' que se iniciou com os protestos ao aumento da tarifa do ônibus em São Paulo, ganhou força em diversos estados e aqui no Norte do país não foi diferente. A insatisfação é do povo brasileiro, de Norte a Sul. Todos nós estamos fazendo história. Obviamente participei do manifesto, fui entrevistada duas vezes e algumas perguntas foram recorrentes. Como por exemplo, a primeira ''Você
está protestando pelos 0,20 centavos?'' e a segunda ''Você é de algum partido,
ou veio acompanhar algum grupo partidário?''.
A resposta para a primeira pergunta
basicamente foi: não, porém os 0,20 centavos foram o ESTOPIM para a
insatisfação da população brasileira. Pois a precariedade não estava apenas no
transporte, mas em todos os serviços públicos! Saúde, educação, segurança...
Tudo o que é nosso direito, mas que pouquíssimos têm acesso e quando esses têm
é precário.
Já para a segunda pergunta foi peremptória: NÃO. Não sou de partido algum, e o grupo que
estava comigo não é partidário. Ressaltei que a grandiosidade do movimento é
essa -> SER APARTIDÁRIO. É um movimento do POVO BRASILEIRO.
Acompanhei todo o
trajeto e devo dizer o quanto fiquei emocionada quando cantaram o hino e a
famosa musiquinha ''sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor''.
Crianças, jovens (MUITOS JOVENS), idosos, adultos... O que mais tinha era a
diversidade! Diversidade de ideias, idades, gêneros... E isso que tem feito esses protestos
serem belíssimos! Sei que muitos estão dizendo que o protesto foi estragado
pelos vândalos e marginais do final. Bom, quando tal balbúrdia começou a
ocorrer, não era mais o protesto. Eu digo que foi um movimento a parte, realizado
por oportunistas. Oportunistas da iniquidade, da barbaridade. Sendo
assim, o protesto pacífico, o qual eu e mais milhares de pessoas fizemos parte entrará
para a história de cada um, da cidade de Macapá, e do Brasil.
Hoje eu vou dormir
com uma sensação nova... Um orgulho de ver pessoas saindo do comodismo, da
alienação. E dormirei com um desejo de que tal sentimento perpetue-se em todos!
Para que chegue às urnas, às famílias, ao futuro!
Fiz dois poemas
para a ocasião. Todavia postarei apenas um, por enquanto. Boa noite a todos! :)
''HCAL''
Cadê o respeito?
Corredor não é leito!
Quimioterapia e radioterapia
Não tem, virou utopia
O que é direito de todos
É restrito a poucos
Infestação de ratos e baratas,
Os aparelhos são sucatas
Não tem o básico, nem medicamento
E o hospital está sujo e mofento!
E eu me pergunto... Cadê o investimento?!
Cadê o respeito?
Corredor não é leito!
Quimioterapia e radioterapia
Não tem, virou utopia
O que é direito de todos
É restrito a poucos
Infestação de ratos e baratas,
Os aparelhos são sucatas
Não tem o básico, nem medicamento
E o hospital está sujo e mofento!
E eu me pergunto... Cadê o investimento?!
G. Farfalla
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