terça-feira, 11 de junho de 2013

Catarse

A magnitude das boas coisas é subjetiva. Um grande livro, um grande filme, uma grande música possuem em comum o efeito que provocam naqueles que leem, assistem, ou ouvem. Não se trata de lógica e sim de sentimentos... É uma sensação catártica.

Um grande livro pode causar uma imersão tão profunda que realidade e fantasia misturam-se... A história torna-se o nosso universo paralelo, onde a imaginação é fundamental para a sua expansão. E quando a finitude das páginas chega, as mudanças e reflexões que trazem são inevitáveis. Uma magnífica libertação!

Um grande filme é similar, porém de forma menos gradativa, mais rápida, afinal -em média- são duas horas de estímulos contínuos. Um bombardeio de cenas, sons e efeitos... E diferente dos livros, a história já está ali, pronta, esperando apenas ser digerida e saciada. O efeito catártico vem mais depressa -não digo que seja efêmero, pois se for, não era um grande filme- e a libertação é arrebatadora! Uma explosão de sentimentos inebriante. 

Uma grande música traz o estímulo sublime de vozes, instrumentos, timbres e melodias adicionadas a uma letra bonita que se torna uma poesia cantada! Amor e tristeza... Sentimentos nas notas! Ela incita o cérebro a associar com a nossa própria vida. Versos tornam-se legenda de situações vividas. É extraordinário! É o gatilho para expressão dos próprios sentimentos. Uma verdadeira purificação instantânea da alma.

Pergunto se existe algo que possa proporcionar experiência similar. Mas é claro que existe! Não apenas livros, filmes, músicas, ou poesias nos fazem sentir tudo isso. Um grande amor também possui o mesmo efeito, a grande diferença está no tempo, já que é uma sensação éterea eterna! Buscamos em livros, filmes, músicas, poesias, nos sentir catárticos, igual em um grande amor.

Sendo assim, como definir exatamente a ''catarse'' proporcionada por tais experiências? No dicionário tal palavra possui diversos significados tanto na psicanálise, quanto na psicologia, ou na retórica. Porém, o que se insere perfeitamente nesse meu devaneio é este:''é a libertação de sentimentos reprimidos, seguida de um intenso alívio emocional''. O que remete à origem dela, ''catarse'' tem etimologia grega ''kátharsis''. Segundo Aristóteles  seria a ''purificação'' experimentada pelos espectadores após uma representação dramática teatral. Diria ainda mais! É a tal da sensação insólita que grandes feitos nos proporcionam... Catarse é o ápice, o gozo, o êxtase da expressão emocional da alma! A qual é causada por tudo que é inimaginável -coisas tão absurdamente maravilhosas- e fazem-nos sentir INFINITOS.


G. Farfalla




2 comentários:

  1. Esse seu lado filosófico ao descrever a Catarse é realmente intrigante e sublime. :**

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  2. Gabriella, não consegui resistir ao teu blog. Parei um pouco de estudar a tão repetida globalização e me encantei também por teus escritos. Teres conseguido estruturar uma espécie de definição pra algo tão magnífico quanto a catarse realmente me ganhou. Quando se aprende a desfrutar do bem e do mal, de toda a forma de amor, de alegria, enfim, de toda a experiência que traga satisfação ou, ao menos, aprendizado, lida-se com momentos de catarse quase sempre. Esse sentimento de infinitude move amores, sim, inclusive o amor por nós mesmos e a vida que levamos. É a descoberta do quão grandioso pode se tornar cada momento, por mais insignificante que pareça. Já tive contato com tanta gente, livros, filmes e músicas que me fizeram bem.. tive momentos catárticos, é claro, e posso dizer que, de uns tempos pra cá, passei a ligar tal sensação com uma outra, apresentada a mim por uma professora querida... Já ouviste falar de serendipidade? Ela faz de cada descoberta especial um ponto máximo de alegria. Inclusive, talvez tenha sido mais um momento de serendipidade ter conhecido teu blog e lido tuas palavras bonitas no facebook. Agradeço novamente pelos elogios e por essa sensação. Beijo grande.

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